Assim como Wycliff, João Huss, Lutero e outros que se levantaram para combater a corrupção, a venda de indulgências, a disputa pelo poder e tantas outras incoerências, acredito que a religião cristã dos nossos dias, não está em situação muito diferente dos dias desses homens. O que impera é a hipocrisia, o moralismo, o controle da vida alheia, o orgulho teológico, o comércio, a corrupção, etc. Fatores que se contradizem com os ensinos e a vida de Jesus. Nada vale mais a pena do que aprender e viver o puro e simples evangelho. Indique este blog e deixe um comentário.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O dízimo e a Graça

Logo após uma conversa com amigos sobre o dizimo resolvi postar esse estudo.
Um de meus amigos defendia a pratica do dizimo, pois o mesmo, dizia ele era praticado antes da lei. E isso é pura verdade. Vejamos:
Muitos ministros religiosos aplicam a lei do dízimo ao cristianismo, sob alegação de o dízimo ter sido praticado antes da Lei e, inclusive, pelo patriarca Abraão; mas, tal alegação não tem fundamento e não é base para aplicá-lo no tempo da Graça, pois vale ressaltar que nem todas as obras praticadas anteriormente à Lei, inclusive, por Abraão, devem ser aplicadas no tempo da Graça.
Antes da Lei, além do dízimo, eram praticadas obras, como: Celebração de sacrifícios de animais (Gn 8.20; 22.13; 33.20); Circuncisão (Gn 17.10-11; 17.23; 21.04); etc.
Obras essas, praticadas anteriormente à Lei pelo povo de Deus, inclusive, obviamente, pelo patriarca Abraão. Porém todo cristão entendido nas escrituras sabe que tais obras não devem ser aplicadas no tempo da Graça. Isso nos confirma que, muitas das obras que foram praticadas antes da Lei e também por Abraão, não se enquadram na prática do verdadeiro Evangelho.
Quanto ao dízimo, por ser o imposto de renda da nação, observamos que só foi devidamente cobrado pelas autoridades eclesiásticas, durante o tempo em que o ministério religioso era incorporado ao Estado, ou seja, unificado à administração política.
Por esse motivo Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, porque Melquisedeque não era somente sacerdote, mas também era rei (Gn 14.18 ; Hb 7.2).
Melquisedeque também governava o país. O dízimo sempre foi o imposto de renda da nação; uma parte era para a administração sacerdotal, outra se destinava à administração política, muito usada na “Assistência Social”.
O livro de Deuteronômio, 14.28-29, diz que deveriam recolher os dízimos da colheita para que houvesse alimentos em suas cidades, para os levitas, o estrangeiro, o órfão e a viúva (Dt 14.28-29; 26.12-14). Os dízimos deveriam ser levados, não aos sacerdotes (como é feito em muitos casos hoje), mas aos levitas (Ne 10.37) e esses deveriam levar aos sacerdotes o dízimo dos dízimos (o centésimo da renda do povo), conforme a ordenança da Lei (Nm 18.26-28).
No caso de Melquisedeque, coube a ele receber todo o dízimo pelo fato de administrar os dois ministérios, o religioso e o político, pois era sacerdote, mas também era rei (Gn 14.18; Hb 7.2).
Contudo, o dízimo era oferecido a Deus em razão de o país ser administrado religiosamente, pois a religião e a política caminhavam juntas. Eram dois ministérios em uma só realidade.
A partir do momento em que surge o cristianismo, o religioso se desvinculou do Estado Porém, tanto no tempo da dispensação da Lei, como na época de Abraão, a administração religiosa era unificada ao Estado. Por isso o cristianismo não pode tomar por base e fundamento casos anteriores à Lei com o intuito de cobrar o dízimo hoje.
Observa-se que os que cobram o dízimo argumentam, baseando-se no fato de Abraão ter dado o dízimo por fé. Sendo assim, deveriam também pela mesma fé circuncidar-se e oferecer sacrifícios. Por acaso a circuncisão e os sacrifícios de Abraão não antecedem à Lei? E também não foram praticados por fé?
Abraão foi o primeiro a praticar a obra da circuncisão (Gn 17.10-11; 17.23; 21.04). Paulo, porém, escrevendo aos Gálatas, 5.2-4, diz que se o crente se circuncidar, Cristo para nada aproveita e o tal é obrigado a guardar toda a Lei.
Abraão também oferecia sacrifícios de animais, mas como todos sabem, segundo a instrução do escritor aos Hebreus (Hb 10.5-9), os sacrifícios já não são mais.
Desta forma, ainda que Abraão tenha vivido antes da Lei, era uma época cujas obras eram bem diferentes das obras do cristianismo. Pois, antes da Lei, a morte ainda reinava pelo pecado de Adão (Rm 5. 14).
Por que Abraão oferecia sacrifícios de animais e praticava a circuncisão? Provavelmente porque ainda não estava em prática a Graça da Salvação que há em Cristo Jesus.
Podemos afirmar, com absoluta certeza que, se Abraão vivesse no tempo da graça, não praticaria tais obras, e se desse alguma porcentagem de seus rendimentos seria por espontaneidade, amor e gratidão.
E durante dispensação da Lei visto que em tal época, a nação também era politicamente administrada pelas autoridades religiosas o dízimo (o imposto de renda) aparecia como ordenança de Deus e todo o povo, sob aquela Lei, deveriam praticá-lo.
Os dízimos deveriam ser observados de forma rigorosa, pois eram considerados santos ao Senhor (Lv 27.32).
O versículo 10 do capítulo 3 de Malaquias nos fala que o dízimo era para que houvesse mantimento na casa de Deus. E Deus, então, prometia abrir as janelas do céu e abençoar o dizimista em grande maneira.
Na Lei, o homem que não fosse dizimista era considerado ladrão e estaria debaixo da maldição, por não cumprir tal ordenança da Lei (Ml 3.8 ; Gl 3.10).
Concluímos, pois, que todo o povo deveria dizimar, pois fazia parte das ordenanças do Senhor aos que estavam debaixo da Lei. Todavia, desaprovamos a cobrança do dízimo aos cristãos. Com isto, não estamos rejeitando o Velho Testamento, mas ao contrário, cremos que faz parte do cânon bíblico. Rejeitamos a exigência do dízimo sim, por ser exclusividade da Lei, e o Evangelho nos isenta da Lei (Lc 16.16 Gl 3.10-13; 4.3-5;4.24-25).
A prática da lei do dízimo é, na verdade, proveitosa, se o tal guardar toda a Lei. Esta foi a advertência do apóstolo Paulo, aos romanos que insistiam na prática da circuncisão, dizendo: “Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei” (Rm 2.25).
Se alguém quiser viver debaixo da Lei, tem que ser íntegro na sua prática, sem tropeçar em um só ponto (Tg 2.10). Neste caso a sua salvação seria pelas obras da Lei, e não pela Graça de Cristo (Gl 5.4).
Ao mesmo tempo em que a Lei e os Profetas exigiam a prática da ordenança dos dízimos ao povo da Aliança Levítica, isto é, para aquela época, também era profetizada a liberdade de contribuição para o povo da Graça; motivo pelo qual, para os da Graça, a Lei e os Profetas duraram até a Obra de Cristo (Mt 11.13). Com Jesus, deu-se a transição da Lei para a Graça; bem compreendido, para aqueles que aceitam a salvação pela Graça de Cristo.
A Lei profetizou o seu próprio fim; é o que justifica a expressão de Paulo aos gálatas, quando declara: “Eu pela lei estou morto para a lei para viver para Cristo” (Gl 2.19).
No capítulo 3 do livro de Malaquias, a Palavra de Deus faz menção da contribuição do povo da Lei mosaica, e também da contribuição do povo da Graça. Nota-se, que antes da Palavra de Deus exigir a cobrança do dízimo para o povo da Aliança Levítica, impondo a sua prática sob pena da maldição da Lei (Ml 3.8-10), profetiza o fim do dízimo e a liberdade de contribuição para o povo da Graça (Malaquias 3.1-5).
No versículo 3 diz: trarão ofertas em justiça, e no versículo 4, que a oferta será agradável ao Senhor como nos dias antigos, como nos primeiros anos. Esses dias antigos e os primeiros anos mencionados neste versículo referem-se à saída do povo do Egito, aos primeiros anos da caminhada; pois, sabe-se, que nesse tempo não era aplicada a cobrança do dízimo. Segundo a Bíblia, a ordenança dos dízimos já havia sido promulgada, mas a sua prática só começaria após a entrada na terra prometida (Dt 26.1-12). Até então, eram feitas ofertas espontâneas (Ex 36.2-7; 35.4-29; Nm 7.1-8; 31.48-54).
Não estamos indo contra o fiel que espontaneamente e com amor oferta com a causa em que crê mas sim, como a forma que é imposta pelos sacerdotes modernos e como advertem os fies sob pena de maldição.
Pois não se deve, aplicar uma obra como o dízimo ao tempo da Graça, pelo fato de ter sido praticada por Abraão! Alguns crentes da igreja da Galácia persistiam na prática da circuncisão, certamente com a idéia de ter sido uma obra praticada antes da Lei, e inclusive por Abraão, porém, foram advertidos pelo apóstolo Paulo, que lhes disse: “se o crente se circuncidar, Cristo para nada aproveita e o tal está obrigado a guardar toda a lei” (Gl 5.2-4); e acrescentou, dizendo que isto lhes separaria da Graça de Cristo (Gl 5.4).

2 comentários:

  1. Eu acredito e tenho visto muito isso nos meus quase 14 anos de evangelio que todo aquele que é fiel nos seus dizimos fazendo isso de coração nunca lhe faltara nada, poderia dar aqui centenas de nomes e exmplos de crentes abençoados por su fidelidade, e ninguem precisou dizer cobra-lhes nada dão de coração eu todas as vezes que deixei de dizimar gastei o dobro na farmacia a deciam parte não me percente eu ja tenho 90% o que é mais que suficiente Deus os abençoe.

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  2. Com tudo o que foi dito, ainda sim parece haver falta de entendimento. A questão não são os testemunhos de quem foi abençoado ou não. Os que passaram no corredor dos 70 apóstolos e os que compraram as rosas de saron também têm testemunhos para contar. Deus abençoa quem quer e quando Ele quer, somos abençoados pela Graça e não por mérito ou alguma obra praticada por nós. O dízimo foi instituído na Lei e estamos no Tempo da Graça (Rm 10.4). A forma de contribuição é voluntária e não existe valor estipulado como 10%. O contribuinte é livre para ofertar com quanto quiser, seja 5%, 10%, 20%, 100% ou nada. A oferta é também pela Graça, por amor ao próximo e por gratidão. No AT o dízimo não era usado da maneira como se vê hoje mais sim, para celebrar uma festa do próprio dizimista e de três em três anos socorrer os levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. E se igreja quer aplicar o conceito levítico, também saibam que este sacerdócio foi extinto para que outro fosse levantado, segundo a Graça (Hebreus 7.11-12).
    Estamos livres da Lei para a Graça de Deus. Graças a Deus!

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